quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


Nesse natal conquistense não deixem de visitar o memorial Régis Pacheco. Lá, além de várias formas de representação da arte natalina, existe um espaço para a exposição de mini-presépios. Estes, são produções de artistas que procuram inovar o maior tema do natal que é o nascimento de Cristo. Dentre eles, eu e o artista Gilvandro, estamos apresentando dois mini-presépios com temáticas que resgatam as raízes conquistenses. Um é o sertanejo (cénario que mistura a seca e o trabalho em argila) e o outro o indígena (peças em barro que retratam uma aldeia).
O memorial estará aberto para visitação a partir do dia 15.
Apreciem e votem em nossas artes.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011


Quem foi que ousou falar sobre rosas?
Quem roubou flores no jardim suspenso e bebeu da água dos rios doces do centro do mundo?
Quem foi o poeta que escreveu sobre olhos e tristezas?
Não há. Oh não há dores nas cores do amor.
Rosas são poesias, jardins são versos e rios são prosas.
Doce é olhar eterno daquele que sabe ver.
Ver o sentimento no desabrochar da flor,
que carrega em teu seio calor e aconchego.
Quero em teus espinhos sentir os céus e viver no paraíso infernal.
Quero ver-te rosas, pintadas de amores alegres.
Ver o teu ser cantante, ver os teus passos indo embora.
Quero ver-te rosas, flores e luzes, amor e saudade.
Quero! rosas, falar sobre tu. Gritar ao mundo
Não posso!
Agora não pode ser.
Não posso! rosas... falar de tu.
Mas em mim não sei o que é não falar sobre rosas....
Rosas sem pétalas...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011


Há sempre um caminho para percorrer...
Uma brincadeira para inventar...
Uma luz para iluminar os que andam na escuridão...
Há sempre um pensamento para surgir...
Uma palavra pra dizer...
Um colo para o aconchego...
Um amigo para ligar...
Uma boca pra beijar...
Há sempre uma possibilidade para mudar.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

ECHOES...


Ecos

Lá no alto o albatroz pára imóvel no ar
E bem debaixo de ondas agitadas
Em labirintos das cavernas de corais
O eco de uma maré distante
Vem projetar-se sobre a areia
E tudo é verde e submarino
E ninguém nos apresentou á terra
E ninguém sabe o “onde” e o “por quê”
Porém alguma coisa encara
Alguma coisa tenta
E começa a escalar em direção a luz

Estranhos que passam na rua
Por ventura dois olhares separados se encontram
E eu sou você e o que eu vejo sou eu
E eu pego você pela mão
E te conduzo pela terra
E ajude-me a entender o melhor possível
E ninguém nos chama para a terra
E ninguém passa por lá vivo
E ninguém fala
E ninguém tenta
E ninguém voa ao redor do sol

E agora este é o dia da sua queda
Sobre meus olhos acordados
Convidando e me incitando a levantar
E através da janela na parede
Atravessam em raios de luz solar
Um milhão de embaixadores brilhantes da manhã
E ninguém canta para mim canções de ninar
E ninguém me faz fechar os olhos
Por isso eu abro as janelas totalmente.

(Pink Floyd)

domingo, 10 de julho de 2011

De Gestis Men de Sá


Para os que gostam, vou partilhar aqui um texto interessantíssimo sobre a primeira publicação literária do novo mundo. É o Gesti Men de Saa. Poema épico, escrito por Anchieta em louvação aos feitos do Governador-Geral Men de Sá. Sem mais delongas, eis trechos do texto.

O De Gestis Mendi de Saa é a primeira obra literária do Nouus Mundus, o primeiro livro escrito no continente americano a ser publicado. No ano de 1563, em Coimbra, por ordens de Francisco de Sá, filho de Mem de Sá, o tipógrafo-régio João Álvaro tipografou um pequeno volume em oitavo, com quarenta e nove folhas impressas em ambos os lados, que contam noventa e oito páginas, em cujo frontispício lê-se: Excellentissimo Singularisque Fidei Ac Pietatis Viro Mendo de Saa, Australis Seu Brasillicae Indiae Praesidi Praestantissimo. Este livro de 1563 contém o texto do poema epicum de José de Anchieta sobre os feitos do primeiro triênio de atuação do Governador-Geral Mem de Sá, no Brasil. Esta edição de 1563 III, que é a principal fonte do poema épico de Anchieta sobre os feitos de Mem de Sá, tornou-se consagrada em sua reedição do século XX, por Pe. Armando Cardoso, SJ, com o título De Gestis Mendi de Saa IV.

o poema De Gestis Mendi de Saa, pela natureza de seu tema, acerca da fundação da civilização brasileira, torna-se o poema inaugural da Literatura Brasileira, em um momento incipiente, em que a Língua Portuguesa ainda não estava de todo arraigada à população do Brasil, inicialmente no século XVIVI. Neste aspecto, o fato de ter sido escrito o poema em latim renascentista antes contribui para a formação de uma identidade autóctone brasileira neolatina, do que faria caso fosse, por exemplo, a sua expressão em Língua Portuguesa.

Neste aspecto a obra de José de Anchieta reflete o multilinguismo inicial do Brasil quinhentista. Anchieta escreveu em quatro línguas, o latim, o espanhol, o português e o tupi, que seriam as línguas de maior expressão no Brasil do século XVI, sendo o latim língua de cultura no continente europeu, na época da RenascençaVII. Em latim, além do poema épico De Gestis Mendi de Saa, Anchieta escreveu o De Beata Virgine Dei Matre MariaVIII, uma série de poemas líricos eucarísticos, algumas cartas, dentre as quais se destaca a Epistola quamplurimarum rerum naturalium quae S. Vincentii (nunc S. Paulii) Prouinciam incolunt, impressa em 1799 por Diogo de Toledo IX.

Texto latino: o guerreiro tamoio do Espírito Santo (versos 318 – 340)XXVIII

Huc omnis iuuenumXXIX legio, quibus acrior intus

Sanguinis ardor erat bellique cupido nefandi,

Contulit arma ferox, arcus celeresque sagittas 320

Lignaque picta auiumXXX pennis, quae barbara ferro

Spumiferique dolat peracuto dente politque

Dextra suis, gestatque feros crudelis in usus;

Et direpta ferarum immania tergora costis,

Durata ad solem, scuta horrida et inuiaXXXI telis.

Omnes uestitiXXXII patrio robusta colore

Membra: genas illi et frontem mediasque rubenti

Turparunt suras; hi nigro corpora sulco

Pingentes totos diuersisXXXIII nexibus artus,

Et pictos ueras imitantes corpore uestesXXXIV; 330

Vt quas artificis pulchra solet arte MineruaeXXXV

Pingere acu tunicas solertis dextera, uelXXXVI quae

Retia multiplici texti subtilia filo.

Pectora centum alii uariarum ac terga uolucrumXXXVII

Nudarunt pinnis, quas infecere colore

Diuerso, aptantes uiscoXXXVIII lita corpora circum;

Plurima pendentes pexo redimicula crine;

Ornarunt alis auiumXXXIX capita ardua multi,

Atque alios aliosque habitus per nuda dedere

Membra feri, horribiles uisu, uultuqueXL minaces. 340


Tradução

1.Aqui toda legião dos jovens, aos quais era mais acre, em seu interior,

2.O ardor do sangue e a paixão da guerra nefanda,

3.Compartilhou feroz as armas, arcos e flechas velozes 320

4.E lanças ornadas com penas de aves, que a destreza

5.Bárbara costuma confeccionar com ferro faiscante,

6.E pole com um dente afiado de anta, e cruel fabrica para usos ferozes;

7.Também couraças terríveis, retalhadas das costas de feras,

8.Endurecidas ao sol, como escudos hórridos que bloqueiam até projéteis.

9.Todos se vestiram em seus robustos membros com a cor de sua

10. Nação, uns mancham tanto as bochechas e a fronte,

11. Quanto o meio das canelas com cor rubra, outros os corpos com negro

12. Sulco, pintando todas as articulações em diversos entrelaçamentos,

13. Que até imitam pelo corpo pintado verdadeiras vestes, como 330

14. As túnicas que o artífice costuma bordar pela bela arte

15. Da solerte Minerva, com a habilidosa agulha, ou as redes

16. Que tece, delgadas com múltiplos fios.

17. Outros desnudaram de penas os peitos e os dorsos

18. De várias centenas de aves, que tingem com coloração diversa,

19. Fixando-as em volta dos corpos untados com visco;

20. Muitos ornam as cabeças altivas com asas de aves,

21. Pendendo muitíssimos laços em uma crina bem penteada;

22. E aspectos ferozes deram por seus nus membros, a uns e outros,

23. Horríveis de se ver, e ameaçantes pelo vulto. 340


O poema narra combates hiperbólicos contra violentos inimigos, quando contrariamente, por leitura das cartas, vemos que, na realidade, alguns destes combates envolveram apenas pequenos grupos soldados, escolhidos entre os homens mais fortes das vilas, como no episódio de Cururupeba, em que foram selcionados cerca de vinte soldados para ir à aldeia. No caso do combate com os Tupiniquins, houve uma aliança após a batalhaXLI. Por outro lado, o combate mais importante narrado no poema, o episódio do Rio de Janeiro, foi uma luta que durou apenas dois dias, envolvendo alguns poucos navios de guerra, navios que foram aguardados com muita ansiedade, em uma batalha em que os franceses fugiram ao serem sitiados e terem sua cisterna tomadaXLII. Os combates no século XVI não possuíam a mesma tecnologia da atualidade, as lutas eram praticamente corporais, com armas de curto alcance, por fim, o objetivo, tanto de indígenas e colonizadores, era o de capturar seus prisioneiros de guerra vivos, uns para os rituais de antropofagia, outros para a escravização de seus prisioneiros XLIII.

O mérito da descrição hiperbólica dos confrontos e combates narrados no De Gestis Mendi de Saa, devemos à capacidade artística de José de Anchieta, seu pleno domínio do latim e conhecimento profundo da épica clássica. Desta forma, o maior valor do poema é cultural, por demonstrar-nos que o Brasil colônia se originou de uma sólida base intercultural, e que a colonização do Brasil não foi uma empresa meramente econômica para a exploração metropolitana da coroa de Portugal. Ao contrário, a maior resultante da colonização do Brasil não foi o enriquecimento da côrte de sua metrópole, mas o desenvolvimento de uma civilização continental e autônomaXLIV, com a criação de uma elite local que efetivamente colonizaria o território, do litoral para o sertão, ao longo dos séculos seguintes.

A própria rivalidade interna entre diferentes etnias e civilizações europeias e indígenas, no século XVI, delimitou o rumo da colonização do Brasil, que surgiu em seus primórdios de uma matriz luso-tupi, de uma aliança calcada pela miscigenação no século XVI, que se opunha diretamente ao grupamento franco-tamoio da França Antártica, como é narrado no De Gestis Mendi de Saa. Os projetos civilizatórios de ocupação do território se desenvolvem plenamente ao longo do século XVII e XVIII, fatos que não ocupam mais a produção literária de José de Anchieta.

(Prof. Dr. Leonardo Ferreira Kaltner,Universidade Federal Fluminense)

domingo, 5 de junho de 2011

Poema Vitória da Conquista


Entre os meus arquivos de jornais que trabalho na dissertação do mestrado, encontrei um poema publicado no ano de 1977 no Jornal Tribuna do Café. Achei interessante e vou partilhá-lo aqui.

Só vitória,

Seria uma glória!

Nossa Senhora das Vitórias

Vai lhe dar mais glórias,

Vitória da Conquista!

De longe,

Do Planalto

Se avista.

Fascinando o turista...

Cidade fria e das flores

Aonde estão os meus amores?

Terra hospitaleira e boa

Só não gosto da garoa

Quando fina e fria

Vai caindo à toa.

Camilo de Jesus Lima,

Com a “mão nevada e fria da saudade”

Nos legou mais uma obra-prima.

Luis Silveira,

Meu poeta irmão,

De coração

Como vão as musas

Há no alto Peri-peri

Alguma Huri?

O poeta Herathósthenes Menezes

É quem ainda faz versos,

Maviosamente,

Muitas e muitas vezes,

Já não tenho inspiração!

Ando muito triste, meu amigo,

Nas ruas de Vitória da Conquista

Há muito mendigo.

Será que o prefeito

E a sociedade

Não podem acabar com essa calamidade

Com este horror?

Nossa Senhora das Vitórias,

Ajude a nossa gente,

Mande as suas graças

Para esse povo sofredor.

Mande as suas graças

Para que a chuva não falte mais;

Para que salve todos os cafezais

Que o povo plantou

E está plantando.

Nossa Senhora das Vitórias

Mande as suas graças

Para o povo plantar flores

Em todas as ruas

E em todas as praças.

Mande as suas graças

Para a grandeza de Conquista

Para toda coletividade,

Para que esta terra

Seja um Eldorado

E o turista fascinado

Exclame: como é linda essa Cidade.

Autor: Jayme Martins de Freitas