terça-feira, 23 de abril de 2013

Adaptando





Na tarde que cai e que enche de raios a minha casa
vejo luzes lindas, tão lindas que me lembro de minha mãe...
ah se ela estivesse aqui!
ainda me recordo dos seus lábios ao me dizer:
filha você vai, mas poderá sempre voltar...
Das horas do dia, as que mais se parecem com a minha mãe,
são as anteriores ao por do sol...
pois são as mais profundas...
as que mais me despertam amor...
e por isso todas as tardes miro o horizonte
pensando que existe um caminho que poderei sempre seguir:
aquele que me leva de volta para casa... 
aonde quer que eu esteja..
quando estou muito distante das luzes solares
imagino que a escuridão pode ser rompida pela luz da lua...
ah, ela também me lembra a minha mãe...
forte e resistente capaz de iluminar os recônditos da terra...
a olhar para mim, mesmo que distante com um olhar bondoso..
longe estou...
mas eu sei que sempre poderei voltar....
e poderei recomeçar...


domingo, 21 de abril de 2013

fósforo






Nos acordes do tempo eu grito uma canção de amor solitário...
É! não tenho pena de quem nada tem para compartilhar
quando há tanta riqueza debaixo do sol...
ah! não há com quem partilhar...
partilha a alegria de viver e morrer a cada dia contigo...
dê a ti o melhor vinho, a melhor roupa, o melhor beijo, a mais profunda carícia...
se não tem dinheiro, sonhe e invente...
olhe o céu, sorria profundamente e um anjo te tocará..
Porque o amor é como um palito de fósforo, mas que nunca se acenderá sozinho...
Para alcançar o seu fim, o palito necessitará de ajuda: oxigênio ou outra chama...
é na busca implacável pelo oxigênio que ao tentar acender um único palito causamos a combustão da caixa toda e certamente um desastre que nos põe diante do início de tudo...
por isso é necessário cantar uma música engasgada, mesmo sem plateia
caminhar sem destino certo...
rir sem motivo,
chorar...
sentir dor, medo e frio...
sentir calor!!!
É preciso amar talvez não alguém, mas amar por amar...
assim, o palito de fósforo se tornará uma chama
capaz de iluminar os caminhos e os corações sombrios
de uma vida solitária
de um mundo tórrido
e de sentimentos gélidos...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Viver...




Andei pensando sobre a arte de viver...
viver é diferente de ter vida
a maioria de nós temos apenas vida
e sequer sabemos que destino dar a ela..
não sou diferente, mas eu quero viver!
quero voltar!
mas parece que uma parte de mim
ficou presa a uma vida que se foi
antes que os desejos pudessem ter sido realizados
Por isso, é difícil voltar a viver...
Pra ser sincera, nem vejo muito sentido em ter vida...
pessoas nascem, crescem, partem...
e o mundo é tão indiferente..
Perdemos tanto tempo nos importando
com o que não tem importância...
Mas, quer saber, isso é bom..
Cada um é tão vazio de si
que necessita de gente e coisas sem importância para viver...
É, viver! 
 sem arte...
E apenas por medo..
Sabe, estou crendo que a parte de mim que se foi
mas que ainda impede que eu viva
foi para que eu pudesse compreender
que ninguém no mundo
jamais descobrirá o que é viver!
Por isso, morrerei dizendo a mim mesma,
mesmo sem saber o que significa:
É preciso viver!!!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu, Natureza...





O que te digo baixinho ao som dos meus próprios suspiros é o canto belo!
Caminho de uma vida plena...
Rica? Não amor!! não de vulnerável fortuna...
senão de tempo e encanto...
O que sei de nós: eu, a terra... você, a chuva...
eu, o bosque, você, os rios que nascem e morrem dentro do bosque...
Eu me visto de natureza sussurrante,
como os galhos e folhas dançantes ao gosto do vento...
bela música sem melodia,
composta por um cantor que não veio ao mundo...
e você, amor! tempo...
a varrer o meu jardim interior
a secar o sabor das flores, doces para os colibris...
Mas eu sou a árvore e o carpinteiro...
meus sussurros inundam de cores os mundos...
e me finco como fibras impiedosas
crio raízes...
e me ergo grandemente depois da chuva...