terça-feira, 31 de julho de 2012

Descoberta

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Um homem imaginava que existia,
até encontrar um desafio que o fez pensar...
olhou para si e viu os membros do seu corpo
desfazendo-se, virando pó, voltando a ser chão...

Um homem pensava que existia
Tentou encontrar seu reflexo no espelho...
ele não sabia que o espelho
mostrava apenas o que ele queria ver...

O homem que pensava que existia
dormindo foi levado a um lugar jamais conhecido
esse lugar era seu interior
feito de amor e ódio a ponderar o peso de sua alma

O homem que pensava que existia
precisou morrer muitas vezes,
para descobrir que existir
é dominar-se, é conquistar-se.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sebastião


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Era apenas um menino com os sonhos nas mãos
sertão duro e olhos grandes....
enxada era sua diversão...
escola para brincar, correr, pular e imaginar...
sua casa de barro, seu castelo
o carinho de sua mãe foi seu reino encantado...
o menino cresceu, a dureza da vida sentiu...
do engenho que trabalhava para sua casa só havia uma forma de escapar...
lendo livros e ouvindo as histórias de seu tio...
lia, sorria, criava...
mãos calejadas seguravam o desejo de mudar,
a vontade de permanecer....
se um dia viajasse por mundos...
os seus não deixariam de existir...
queria mudar, mas queria ficar....
seguiu seu destino...
levou o sertão nos ombros, nos olhos, nas mãos...
um dia voltou e jundo dos seus cantou a bela lua sertaneja
como fazia quando pequeno...



domingo, 22 de julho de 2012

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Na mesa apenas um gole de café, um lápis e um papel.
Um cheiro de solidão chega para perturbar a minha inspiração
ele sacode o meu corpo e faz minhas veias incharem...
Eu estava imersa no gosto que vinha do meu café, na sensação do barulho do lápis ao riscar o papel...
Mas esse odor me incomoda, me arranca suspiros...
Decido ficar apenas observando as múltiplas formas que o resto de café desenha no fundo da xícara
pouso o lápis, rasgo o papel....
Não sinto mais gostos....
o cheiro de solidão trouxe agora figuras distorcidas
imagens sem reflexo.
Elas brincam, elas dançam, elas dão risadas!
Não sei o que são, não sei o que me causam
se dor ou alegria...
Talvez ilusões de vidas que criei, de pessoas que inventei...
Levanto da mesa, saio, corro, grito....
O medo me trouxe sensações incríveis!!!

sábado, 14 de julho de 2012



A liberdade é como um trovão poderoso a sacudir as estruturas do mundo....
É o solo de uma guitarra tocada à beira de um penhasco, junto ao mar, e em companhia do vento que desalinha cabelos...
A liberdade é como tocar o céu por dentro ainda em vida.
É ver e ouvir o eco que vem das trevas, da luz....
A liberdade é alimentada de potência elétrica tal qual uma torrente de chuva desabando sobre corpos...
A força da liberdade impulsiona o salto para o desconhecido
para o encontro do inesperado...
A liberdade não é doce, não é suave.
Ela é poder!!!
Estamos acorrentados ao fundo de um oceano de idealizações.
O que nos prende são os desejos de coisas fortuitas, sem fim, sem destino...
A maioria de nós quer ser gigante em terra de pequeno...
Estamos acorrentados aos dias que passam pelas janelas, acenam, mas se vão sem piedade
deixando para traz um abismo sem fim de sonhos não vividos, sequer sonhados...

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Na imensidão do demasiado humano há uma ponte feita de estrelas brilhantes...
A ponte leva aos caminhos dos sentidos, das perdas, das buscas e dos encontros com as possibilidades....
Tenho pés, tenho vontade...
Mas não estou completa,
estou repartida entre o que fica e o que se foi...
Não tenho tempo para ir ou para ficar
Só tenho tempo para ser...
Estou tão atrasada para meu encontro...
Mas acabei de saber que já estive lá,
que já deixei meus beijos e meu adeus...
Habitei os sonhos daqueles que fogem
e que não retornarão...
 Nunca puder tocar a vida com as minhas duas mãos...
Elas estão sempre ocupadas com o passado e com o futuro...
Meu corpo jamais dançará com minha mente
Pois ela está imersa nas profundezas das infinitas projecções de pensamentos e desejos...
Escolher é a razão....


do meu poema "homem viril" egípcio



Tu, homem viril"
És o reflexo do espelho que mostra o caminho
Aos peregrinos do deserto.
És o veneno que cura,
o mel produzido pelo escaravelho sagrado.
És o símbolo do mistério que encontra as almas mortais...
És a criação da deusa, que em desespero
Procurou suas partes pelos quatro cantos da terra
E o refez....



Vitória da Conquista, 2008

terça-feira, 3 de julho de 2012

Existência


Se sou a existência, o que há fora de mim?
Pertenço a tudo o que é a vida.
E se tudo o que é vivo a mim foi dado,
Como poderei ser solitária então?
Embora o seja eternamente....
A solidão que me assola é justamente o ponto em que me encontro
com tudo o mais.
Como querer caminhar sozinha se tenho o céu, o sol, a lua e as estrelas a me acompanhar?
Como ser só, se o vento beija-me a face a cada instante da caminhada?
Não há futuro certo ou incerto.
A existência conduz o ser para além da morte. 
O ser existente é a essência primeira da criação
E está em tudo o que é tangível.
O metafísico é o interior que se pode ler nos olhos, na fala, no cheiro, na vontade....
Não há ser humano incompleto!
Cada um é o deus de si guiado pelo deus supremo
Que é a arte de viver.


Renata Ferreira de Oliveira
Vitória da Conquista, 2007.

Na chuva eu dancei sozinha uma canção jamais escrita, jamais composta.
Sua única melodia era o barulho dos pingos que tocavam o meu rosto como uma mão sedenta de toque.
Naquela dança eu deixei meu mundo cair. Minhas mãos eram quentes, mas meu corpo era fraco. Meus ouvidos nunca mais ouviram outra canção senão aquela. Mas eu quebrei o disco e queimei a chuva...