segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para mim



Eu queira apenas olhar o mundo sob um ponto de vista onde todas as imperfeições me fossem belas...
Quando abri a janela dos olhos, vi um lugar. Era o horizonte da vida que acenava para mim e pedia para que eu olhasse ao meu redor. Nesse momento, vi olhos cobertos por nuvens, mãos trêmulas e lábios estéreis. Todas as coisas me pareciam secas e frias.
Mas, eu quis romper com as barreiras de sentimentos nefários porque diante da minha janela passeava o moço dos cabelos encantados. Senti cheiros, ouvi passos, respirações e palpitações cardíacas. Era ali o instante. As frestas de janelas e portas se escancaravam. Começaram a dançar diante de mim os defeitos e as imperfeições. Eu sorri levemente para eles e pedi que entrassem e partilhassem do meu café.
O moço me pediu para ficar e fazer daquela acolhida o seu refúgio. Ele era viajante de tempos longínquos, um príncipe sem castelo e sem realeza, um cavaleiro sem estandarte, sem cavalo e sem armadura. Ele era um palhaço sem circo. Um poeta sem musa. Um músico sem instrumento.
Quando me viu tentando abrir a janela dos olhos, sentiu que ali era o seu lugar. O lugar da inspiração, do calor de seios, da acolhida no entardecer. Ajudou-me a enxergar a beleza do mundo imperfeito. Então, vi no brilho daqueles olhos, o amor que chegava do vento norte para salvar minha alma estreita.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sertaneja









Sertaneja mulher!

De coração forte,

De braços ágeis, graciosos!

Dona da força que vem de dentro,

Do recôndito da alma.

Segura em seu ventre tantos filhos.

Filhos da necessidade,

Da vontade de doar um amor,

Que inunda seu existir.

Filhos de longe...

Encontrados nas lembranças.

Mulher sertaneja!

Filha e mãe do passado,

Construtora do presente.

Mulher da labuta!

Do trabalho da roça,

Da lata d’água na cabeça,

Do trabalho de casa,

Do cuidado com a natureza.

Mulher de olhar forte,

De saberes populares,

De colo farto.

Sua sensibilidade enche de graça o sertão.

Seus frutos saciam a fome das almas perdidas.

Sertaneja!

Que no sertão quer viver,

Ser bonita e graciosa,

Como nos tempos em que, namorava na janela.