do meu quarto avisto um
jardim de rosas sagradas...
molhadas com o orvalho das
manhãs sem sol...
a doce brisa que faz
dançar as folhas encharcadas
lava-me o corpo nu...
e dou-me conta da
existência
não a minha, mas a
daquele corpo da noite anterior...
embriagado pelo
amanhecer...
sem se importar com o
tempo, preso, sem vontade de ir...
que diz de mim... ali
imóvel mirando o jardim...
me findo no desejo de
beber
o amor mordaz daquele
que nem sabe quem sou...
mas que decidiu
atravessar o deserto do meu ser...
sem saber se sou
areia...
talvez eu seja as gotas
do orvalho das manhãs sem sol
talvez eu seque aos
raios que vão nascer...
e ao fim desta manhã,
nem serei mais riscos, sombras ou cheiros...
terei partido e deixado
apenas sonhos...