domingo, 16 de dezembro de 2012

Silêncio





Uma noite tórrida...
Silêncio de túmulo
O fantasma abriga a casa do amor...
Ouço apenas o ruído do toque
Do vinho ao colorir a taça...
Do passar as folhas daquele livro
Onde uma história inacabada jaz...
Daqui de fora brilha o som de uma voz...
Distante como um sonho
Que vai se desfazendo nas curvas do vento
Que não sacia a vontade de cantar...
Aqui dentro a voz do mundo
Fala palavras de alegria
Composta de tristezas do existir....
Meus ouvidos estão surdos...
Sei apenas o que aqueles lábios de desejo me dizem...
Sei porque posso tocá-los...
São ondas de palavras negras...
Escuras como aqueles cabelos
Misturados ao eco deste silêncio!!!

domingo, 25 de novembro de 2012

Lamentos



Cores de uma vida feliz...
sonhos de amor revelados
nas gotas daquele vinho pungente
que fere como tochas de uma inquisição...
passado...
nunca mais...
vou embriagar-me na noite escura de teus cabelos
que em caracóis me envolvem...
libidinosa
sua boca de gênio
palavras mal ditas entre os dentes
aperto o meu peito
sufoco o coração que palpita...
pelas paredes vejo sombras
reluzentes …
imagens fantasmagóricas do mar de Colombo..
sonho calada
a ferida aberta sangra...
eu só vejo o gosto do vinho
derramado dos lábios vermelhos..
daquela criatura da noite
vil...
choro um mar que abriga criaturas folclóricas...
vou me perdendo...
nos acordes de seu lamento
danço um bolero maldito...
mas estou feliz
no som perdido
eu pude morrer em paz!

sábado, 24 de novembro de 2012

Um poeta





O poeta lançou palavras soltas ao ar...
e sem saber, abateu um coração...
Quem és tu, ó poeta, a despertar a doce imaginaçãp de uma pobre alma?
Quem és tu, cujo semblante é como o reflexo das árvores em tardes de primavera?
Cujo sorriso relembra raios de sol a fecundar a terra???

Quem és tu, ó poeta, cujo hálito tem cheiro de brisa da manhã,
cuja voz soa como trovão
e as mãos são macias e quentes como os dias de verão? 

Quem és tu que desperta a imaginação
de uma simples mulher, desejosa por amar e tornar-se sua musa?
Quem é esse que cavalga pela noite a buscar sua donzela
que perdida está?

Ele é o poeta!
Ele, que aparendeu a amar,
cujas poesias são revelações
das palavras que lançou ao ar!!!


R. F. O. 
No outono de 2008

 

domingo, 11 de novembro de 2012

Anjo de asas quebradas


Sou quase adulta, mas não deixei de ser criança, a não ser quando penso no anjo de asas quebradas...
Várias vezes fui tentada a atravessar a fronteira do mundo proibido, só para rir do desespero do anjo que perdeu suas asas...
Talvez eu gostasse daquele sofrimento leve, daquela cara de choro por não poder mais voar...
O anjo não sabia falar, por isso tudo o que eu dizia a ele era mentira...
Mas um dia eu olhei profundamente os seus olhos de veludo.
E vi um abismo que não compreendi.
Por que? eu perguntei...
mas ele fez a mesma expressão que sempre fazia quando eu lhe contava histórias falsas...
Fui embora com o coração disparado
Agora eu queria vê-lo todas as manhãs...
Mas ele era como nuvens negras, imerso na dor por ter suas asas quebradas...
Ele não podia mais voar, apenas se arrastar pelo belo jardim de outono...
E eu... o ser do nada
só podia molhar com minhas lágrimas
a bela rosa sem cor que ele carregava...






sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nostalgia




Tarde nostálgica que cai.
Só vejo no horizonte sinais de trovoada...
debruço-me sobre a janela
sonhando encontrar cores nas ruas...
mas os caminhos escureceram 
a minha face está iluminada pelos relâmpagos que chegam...
não sei porque. Agora estou com medo...
é uma canção de amor que chega com a chuva...
mas tão rápido passará...
nem terei tempo de cantá-la...
que coração turvo! Ele está como o céu:
escuro..
Aqui, prostrada na janela
cantando uma canção que não sai...
vejo que os trovões são como pessoas
zangadas por suas vidas...
e eu pensando em tudo isso...
não tão feliz, penso coisas cheias de calor...
creio que hoje não sei como é a luz do sol...
agora tudo se desfaz...
desmanchou-se com a enxurrada
que lava sujeiras humanas...
a luz do sol não sabe o que fez
deixando-me aqui com esse turvo olhar.

domingo, 21 de outubro de 2012

Do que vejo...


 


Parada, imóvel, nula...
um instante sem ar...
a busca terrível acaba
vazio o ninho está...
quieta, sem luz, transparente...
na aurora o borbulhar
de folhas de árvores inocentes...
não querem mais brincar...
pecou, secou, acendeu...
chamas de inferno...
grades que prenderam
um pássaro passou
mãs não assobiou...
sem pés, chão, espelho...
glórias não há!
o destino..
o mais quente do desejo...
no gelo fez fecundar...
o moço sem juventude
nunca mais veio
para minhas noites encantar...
distante, fria e linda...
nunca mais quis acordar...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Destino de um poeta







Passei uma noite inteira pensando sobre os poetas...
Quando amanheceu, tratei logo de pegar  as flores do mal, pois eu sabia que lá estaria a resposta que eu em vão procurei nos meus sonhos...
Eis que hoje, vou partilhar o pensamento de Charles Baudelaire sobre meus tormentos...



Sepultura d'um Poeta Maldito
   
 Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruínas d'alguma herdade,

As aranhas hão-de armar
No teu coval suas teias,
E nele irão procriar
Víboras e centopeias.

E sobre a tua cabeça,
A impedi-la que adormeça.
Em constantes comoções,

Hás-de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrões.

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Você




Em noites frias há muito cheiro de aconchego...
Saio de casa em busca de peles macias
A silhueta desenhada pela sombra
atrai a vontade da terra

ganho as ruas vazias...
ilumino as praças
bebo o néctar de bocas vermelhas
e respiro o cheiro do vento frio...

em uma esquina qualquer,
encontro suas palavras
que já não existem
mas que deixaram marcas nas almas humanas
agora felizes, por morrerem de amor por ti.

Porque tens mãos loucas
olhar ardente
sorriso com gosto de tentação
jeito inocente...

De tanta graça e leveza
vai tecendo uma teia
atraindo sem piedade
as almas que vagam...

não tenho como fugir
vou cair na perdição da noite
cheia de imagens suas
perdida vou seguindo
o som proibido.


sábado, 6 de outubro de 2012

do nada





Andei esperando por mensagens engarrafadas
jogadas ao mar, sem destino certo...
Encontrei apenas pergaminhos
escritos em línguas não faladas....
Descobri que não sei ler
só sei criar...
Não sei nadar para buscar as garrafas..
Mas todos dias olho o mar, busco na praia
sonhos...
Não posso entender os pergaminhos
Mas sinto o cheiro da letra
do sentido...
Talvez um pirata...
que encontrou as garrafas...
e dedicou as mensagens sem destino
a um "destino"
tesouro virou....

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

em busca







À beira do lago encantado esperei...
 pelo desabrochar das rosas...
pela maciez das gotas da chuva
pelo toque das mãos imaginárias...

À beira do precipício eu quis...
saltar sem asas...
encontrar o colo...
do anjo humano.

À beira da estrada eu andei...
para encontrar os caminhos de luz...
chegar ao jardim suspenso...
colher flores e plantar sementes...

À beira do mar eu vi...
o brilho do amor da lua
um homem perdido
e sereias sem vozes...

À beira da minha cama eu desejei
mãos quentes...
sonhos profundos...
e calor sem limites..

Ao contar o tempo eu busquei
ouvir os passos...
rir sem alegria...
desenhar sem saber...


Ao descobrir a vida tentei
reencontros não marcados...
prazeres negados...
pintar quadros de artistas consagrados...

Mas eu queria apenas...
cantar sem voz
abrir portas
escancarar janelas...
usar uma coroa mágica
e imitiar um palhaço!









segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Não sou piegas, mas resolvi escrevinhar sobre amar....




Encontros....


Amar é procurar por encontros que não são possíveis.
Amar é improvisar um sorriso.
É imitar o vento que acaricia faces humanas...
Amar é por um momento descobrir segredos deixados na borda de taças esquecidas...
Amar é jurar que se viverá eternamente como criança.
É sonhar e saber que se deseja ilusões. 
É gostar de ilusões...
Amar é uma fuga incontrolável de si.
É não dizer as mais belas palavras pronunciadas, mas buscar incansavelmente por elas...
Amar é sentar-se em uma praça, sem pressa, e ver o desfile do tempo...
Amar é ter a mente vazia de expectativa.
É ter a certeza de que até debaixo das pedras, habita o amor...
Amar é não escolher, amar é encontrar....

quinta-feira, 20 de setembro de 2012



 Não quero o paraíso
quero ruínas...
pedaços de vidas, de vontades e de imaginação...
O paraíso é raso
quero as profundezas revoltas
envoltas em teias de gente...
ruínas não me prendem
nem posso habitá-las
nem posso vê-las ou lê-las na sua completude
quero ruínas
porque nelas eu posso criar...

domingo, 2 de setembro de 2012

caos




De braços dados com a solidão 
vou seguindo acompanhada...
uma estranha sensação de felicidade
inebria a minha alma...
esculto lamúrias e gritos de alegria
vindos das mais escuras profundezas...
Os caminhos que unem a minha mente e o meu coração
são entrelaçados labirintos...
que nadam em sangue...
A escuridão toma conta dos meus olhos
mas agora posso ver...
há um mundo lá dentro
caos..
cacos...
formam o meu lar...



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Voltando À Vida

Onde você estava quando fui queimado e arrasado?
Enquanto os dias passavam pela minha janela
Onde você estava quando fui ferido e estava indefeso
Porque as coisas que você diz e as coisas que você faz me rodeiam
Enquanto você se agarrava às palavras de outra pessoa
Morrendo pra acreditar no que você ouviu
Eu estava olhando fixamente para o sol à brilhar

Perdido no pensamento e perdido no tempo
Enquanto as sementes da vida e as sementes da mudança eram plantadas
Lá fora a chuva caía escura e devagar
Enquanto eu refletia sobre esse perigoso porém irresistível passatempo
Eu dei um passeio paradisíaco através do nosso silêncio
Eu sabia que era chegado o momento
Para matar o passado e voltar à vida

Eu dei um passeio paradisíaco através do nosso silêncio
Eu sabia que a espera havia começado
E fui direto ... em direção ao sol
 
 
(Pink Floyd)
 

sábado, 25 de agosto de 2012

De lá...


http://4.bp.blogspot.com/_8wWNxF_wYVg/S7kpMXBzuAI/AAAAAAAAAbE/Or3zlgPjDxI/s1600/1266535610284_f.jpg


Cobertores e livros espalhados pela casa...
Da cozinha chega um cheiro de café, um cheiro de aconchego...
Vejo nos espelhos reflexos de felicidade...
Silhuetas são formadas à luz de velas...
Elas dançam com os movimentos de braços, de mãos
 e de muitos cabelos...
 A casa testemunha conversas sem sentido...
tantas.... 
tantas ditas,
tantas imaginadas
tantas desejadas....
Lá fora o frio rir de alegria
Aqui dentro eu me esquento
com um gole de cachaça
com um trago de um cigarro
com um rubaiyat
meu eterno companheiro de café...



Noite


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/ea/Van_Gogh_-_Starry_Night_-_Google_Art_Project.jpg/300px-Van_Gogh_-_Starry_Night_-_Google_Art_Project.jpg
 
À noite, ruas desertas
moças procuram sorrisos 
os céus estão iluminados da luz da manhã
uma manhã aguardada pela beleza dos olhos 
que na noite se escondem do amor...
À noite só há uma canção que vem do centro da terra
que vem da vida esvaziada 
do som de passos que se foram....
Grita na noite os que não têm voz....
os que não têm alma...
À noite eu quero sair e encontrar imagens distorcidas 
daquilo que juguei ser real...






quarta-feira, 1 de agosto de 2012

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-j_titluH_UVfe6inWNkAxVugOxH1tzGKk0HVvb8eOjD19xFxMF890Iy2cPbd2jvxg_7_U_eZ3ZB0oGr9qUnGdW3gnTs9PG2PM5Oc5pii0eb4fuUX5X24deHb6rEqOtSXKkiHSQbZtOFc/s1600/vento1.jpg
Cantando e dançando o vento chega à minha porta.
Em teu canto ouço uma voz debulhada, fabricada de mel.
Cantas aos quatro cantos do mundo, ao céu e ao inferno
Cantas uma canção de vida
Mas cantas uma canção nefária...
Enches com tua voz doce os mares, o sol, os porões da terra...
Só posso ouvir um canto, cada um só pode ouvir um canto
Aquele canto que voa e que espalha a precisão de um tempo
tempo de cantar....

terça-feira, 31 de julho de 2012

Descoberta

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLqT-zUCcT2Rn-3-paqQFLIE5NwW0Gxx61sg1P_bOnmMgtt0Gt7YjOmdcGMRTiMaRXGi79o8ftzQRuhfFXf9rLl-DPRTdfiCcE2YXJ-SK7gtMBKy0idsUgviI7OVXl9Xu15aTpm9FYLWff/s1600/corpo.jpg

Um homem imaginava que existia,
até encontrar um desafio que o fez pensar...
olhou para si e viu os membros do seu corpo
desfazendo-se, virando pó, voltando a ser chão...

Um homem pensava que existia
Tentou encontrar seu reflexo no espelho...
ele não sabia que o espelho
mostrava apenas o que ele queria ver...

O homem que pensava que existia
dormindo foi levado a um lugar jamais conhecido
esse lugar era seu interior
feito de amor e ódio a ponderar o peso de sua alma

O homem que pensava que existia
precisou morrer muitas vezes,
para descobrir que existir
é dominar-se, é conquistar-se.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Sebastião


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikA6TLxredh1wDxVQQuO3UR6EAyZnD8i-v10NUnQsaPCapoSbltDAgObWAuXNfDWXzihwAGpN7yecWpGQQ2IM6n0C0_8zJ9UYyVnuv0j8Ai-ZEc7dtVuOWnLrN8FA1wnmPZ7TE8EFxE8Cr/s1600/guimaraes-rosa.gif

Era apenas um menino com os sonhos nas mãos
sertão duro e olhos grandes....
enxada era sua diversão...
escola para brincar, correr, pular e imaginar...
sua casa de barro, seu castelo
o carinho de sua mãe foi seu reino encantado...
o menino cresceu, a dureza da vida sentiu...
do engenho que trabalhava para sua casa só havia uma forma de escapar...
lendo livros e ouvindo as histórias de seu tio...
lia, sorria, criava...
mãos calejadas seguravam o desejo de mudar,
a vontade de permanecer....
se um dia viajasse por mundos...
os seus não deixariam de existir...
queria mudar, mas queria ficar....
seguiu seu destino...
levou o sertão nos ombros, nos olhos, nas mãos...
um dia voltou e jundo dos seus cantou a bela lua sertaneja
como fazia quando pequeno...



domingo, 22 de julho de 2012

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Na mesa apenas um gole de café, um lápis e um papel.
Um cheiro de solidão chega para perturbar a minha inspiração
ele sacode o meu corpo e faz minhas veias incharem...
Eu estava imersa no gosto que vinha do meu café, na sensação do barulho do lápis ao riscar o papel...
Mas esse odor me incomoda, me arranca suspiros...
Decido ficar apenas observando as múltiplas formas que o resto de café desenha no fundo da xícara
pouso o lápis, rasgo o papel....
Não sinto mais gostos....
o cheiro de solidão trouxe agora figuras distorcidas
imagens sem reflexo.
Elas brincam, elas dançam, elas dão risadas!
Não sei o que são, não sei o que me causam
se dor ou alegria...
Talvez ilusões de vidas que criei, de pessoas que inventei...
Levanto da mesa, saio, corro, grito....
O medo me trouxe sensações incríveis!!!

sábado, 14 de julho de 2012



A liberdade é como um trovão poderoso a sacudir as estruturas do mundo....
É o solo de uma guitarra tocada à beira de um penhasco, junto ao mar, e em companhia do vento que desalinha cabelos...
A liberdade é como tocar o céu por dentro ainda em vida.
É ver e ouvir o eco que vem das trevas, da luz....
A liberdade é alimentada de potência elétrica tal qual uma torrente de chuva desabando sobre corpos...
A força da liberdade impulsiona o salto para o desconhecido
para o encontro do inesperado...
A liberdade não é doce, não é suave.
Ela é poder!!!
Estamos acorrentados ao fundo de um oceano de idealizações.
O que nos prende são os desejos de coisas fortuitas, sem fim, sem destino...
A maioria de nós quer ser gigante em terra de pequeno...
Estamos acorrentados aos dias que passam pelas janelas, acenam, mas se vão sem piedade
deixando para traz um abismo sem fim de sonhos não vividos, sequer sonhados...

quarta-feira, 4 de julho de 2012


Na imensidão do demasiado humano há uma ponte feita de estrelas brilhantes...
A ponte leva aos caminhos dos sentidos, das perdas, das buscas e dos encontros com as possibilidades....
Tenho pés, tenho vontade...
Mas não estou completa,
estou repartida entre o que fica e o que se foi...
Não tenho tempo para ir ou para ficar
Só tenho tempo para ser...
Estou tão atrasada para meu encontro...
Mas acabei de saber que já estive lá,
que já deixei meus beijos e meu adeus...
Habitei os sonhos daqueles que fogem
e que não retornarão...
 Nunca puder tocar a vida com as minhas duas mãos...
Elas estão sempre ocupadas com o passado e com o futuro...
Meu corpo jamais dançará com minha mente
Pois ela está imersa nas profundezas das infinitas projecções de pensamentos e desejos...
Escolher é a razão....


do meu poema "homem viril" egípcio



Tu, homem viril"
És o reflexo do espelho que mostra o caminho
Aos peregrinos do deserto.
És o veneno que cura,
o mel produzido pelo escaravelho sagrado.
És o símbolo do mistério que encontra as almas mortais...
És a criação da deusa, que em desespero
Procurou suas partes pelos quatro cantos da terra
E o refez....



Vitória da Conquista, 2008

terça-feira, 3 de julho de 2012

Existência


Se sou a existência, o que há fora de mim?
Pertenço a tudo o que é a vida.
E se tudo o que é vivo a mim foi dado,
Como poderei ser solitária então?
Embora o seja eternamente....
A solidão que me assola é justamente o ponto em que me encontro
com tudo o mais.
Como querer caminhar sozinha se tenho o céu, o sol, a lua e as estrelas a me acompanhar?
Como ser só, se o vento beija-me a face a cada instante da caminhada?
Não há futuro certo ou incerto.
A existência conduz o ser para além da morte. 
O ser existente é a essência primeira da criação
E está em tudo o que é tangível.
O metafísico é o interior que se pode ler nos olhos, na fala, no cheiro, na vontade....
Não há ser humano incompleto!
Cada um é o deus de si guiado pelo deus supremo
Que é a arte de viver.


Renata Ferreira de Oliveira
Vitória da Conquista, 2007.

Na chuva eu dancei sozinha uma canção jamais escrita, jamais composta.
Sua única melodia era o barulho dos pingos que tocavam o meu rosto como uma mão sedenta de toque.
Naquela dança eu deixei meu mundo cair. Minhas mãos eram quentes, mas meu corpo era fraco. Meus ouvidos nunca mais ouviram outra canção senão aquela. Mas eu quebrei o disco e queimei a chuva...

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Dos meus sonhos...


No espaço inabitado de um mundo escuro eu viajei eternamente..
Encontrei seres estranhos que só existem no íntimo do humano....
Vento e chuva brindavam a minha chegada. Eu só via à frente o horizonte fatal, e corações bombardeados por coisas inúteis.
Cidades sombrias, movimentadas e vazias davam formas ao infinito...
Decidi andar sobre os muros que me separavam do belo jeito de olhar o mundo, pois eu estava seduzida pela paisagem misteriosa... 
A minha frente, um pântano de pensamentos ideais. Eles grudavam e queimavam a pele daquele que ousasse tocá-los. Do outro lado, os braços de um cavaleiro me aguardavam. Parecia Arthur que havia abandonado a távola, mas não era. Era apenas o meu delírio. Olhei bem, agora eu vi. Era Ares em suas múltiplas formas. Deu-me seus lindos braços e levou-me para o seu mundo de guerras...


quarta-feira, 25 de abril de 2012


No muro dos meus sonhos deixei o meu medo...
No espelho do meu quarto aparecia apenas a sua imagem carregada de marcas minhas...
No meu corpo, uma dor insuportável tomou conta das minhas veias, dos meus pecados....
Hoje, luzes viajaram pelo escuro do meu coração como raios de neon
Hoje, a meia noite, me lançarei em teu mundo....
Hoje decido se vou te amar...

terça-feira, 24 de abril de 2012




VENTO

O vento leve bateu em minha janela
Murmurei algo sem saber, sem sentidos
Não estava esperando nada, nada havia me encontrado
Mas de assalto aquele assombro subiu-me a espinha
Queria ver pintado em sete cores azuis o vento
Malino! Malino! Volta a me envolver
Teu torvelinho de cuidados na casa amada, não soube reconhecer tua voz.
Vento leve bateu em minha janela.
Retirou minha alma do repouso absurdo
Não suportei tua voz
Doeu no meu peito. Cortou-me como espada.
Quero voltar e tocar teus dedos
Mas onde estás?
Não vejo nem teus cabelos negros que outrora envolviam-me como suspiros lamuriosos da paixão.
Não ficarei mais aqui...
Prisão da vida solta-me de tuas grades
Quero correr no campo sem fim
E seguir as lamurias do vento
Lembranças me vêm à mente
Sussurros exaltam dos meus lábios
Quero correr e saltar ao encontro do colo daquele que soprou em minha janela
Foi culpa do feixe de luz!

R.F. de Oliveira
Maio de 2010

Quando eu penso no que vou escrever eu me pergunto: de que me serve a escrita? o que farei com as palavras? quem se importa com elas? Passo então a imaginar um papel em branco cheio de linhas ansiosas para serem preenchidas....
Mas, o que vejo nesse papel são rostos de pessoas que nem sei quem são e nem o que querem.... desisto da escrita.... desisto da caneta. Pego uma música e tento cantá-la, mas ninguém me ouve... volto, olho o papel e vejo que aqueles rostos estão rindo porque ainda sou apenas uma criança que habita o mundo das fantasias....

sexta-feira, 20 de abril de 2012







Vivas à poesia!!
à mágica do amanhecer....
do passar das horas
o tic tac do relógio
Vivas aos anos que se foram!
que deixaram suas marcas nos cabelos,
na pele, na sabedoria....
Vivas à amizade que durou!
mas que se foi
ao amor que não ficou
aos sonhos que não tive.
Vivas às coisas impossíveis!
mas sentidas
os beijos não dados nem recebidos
ao caminho que não escolhi.
Vivas para ela, a eternidade!
que agora me cobre com seu manto brilhante....

sábado, 24 de março de 2012


Sonhei que eu pairava, tal qual uma nuvem, sobre o rio sagrado da Índia.