quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Seria eu um feliz mandacaru



Estava eu rumando pela estrada que era desbarrocada e sem destino. Cansada com meus pés rachados da poeira e das pedras daquelas paragens. Ia apressada com minha lata de água na cabeça, peso morto, que machuca.

Machuca mais quando penso nos porquês. Por que eu não sou aquele mandacaru da beira da estrada? Ser o mandacaru.

O mandacaru nasce pequenino, mas já se impõe entre as plantações com seus espinhos. Cresce chegando a alcançar quase cinco metros, verdinho, verdinho. Resiste às mais brabas secas que o sertão pode atravessar. Não necessita apanhar água a longa distância como eu, ele a armazena nas suas raízes e vai aos poucos utilizando-a para permanecer forte e imponente.

Seria eu um feliz mandacaru...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Os Rubaiyat de Omar Khayyam




Omar Khayyam foi poeta, matemático e astrônomo irariano. Nasceu na Pérsia em 25 de Julho de 1048 e morreu em 4 de Dezembro de 1131. Foi responsável por calcular o calendário Persa. Contribuiu em algébra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma parábola com um círculo , que viria a ser retomada séculos depois por Descartes.
A filosofia de Omar era bastante diferenciada dos dogmas islâmicos. Concordou com a existência de Deus mas se opôs à noção de que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.
De sua poesia conhecemos os Rubaiyat que grosseiramente significam as "quadras". sua tradução mais célebre para o português é de Edward Fitzgerad em 1839.
A seguir alguns de seus Rubaiyat.

Noite, silêncio, folhas imóveis;

imóvel o meu pensamento.

Onde estás, tu que me ofereceste a taça?

Hoje caiu a primeira pétala.


Eu sei, uma rosa não murcha

perto de quem tu agora sacias a sede;

mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,

e que te fez desfalecer.


Acorda... e olha como o sol em seu regresso

vai apagando as estrelas do campo da noite;

do mesmo modo ele vai desvanecer

as grandes luzes da soberba torre do Sultão.


Olha com indulgência aqueles que se embriagam;

os teus defeitos não são menores.

Se queres paz e serenidade, lembra-te

da dor de tantos outros, e te julgarás feliz.


Que o teu saber não humilhe o teu próximo.

Cuidado, não deixes que a ira te domine.

Se esperas a paz, sorri ao destino que te fere;

não firas ninguém

Busca a felicidade agora, não sabes de amanhã.

Apanha um grande copo cheio de vinho,

senta-te ao luar, e pensa:

Talvez amanhã a lua me procure em vão.


Alcorão, o livro supremo, pode ser lido às vezes,

mas ninguém se deleita sempre em suas páginas.

No copo de vinho está gravado um texto de adorável

sabedoria que a boca lê, a cada vez com mais delícia.


Há muito tempo, esta ânfora foi um amante,

como eu: sofria com a indiferença de uma mulher;

a asa curva no gargalo é o braço que enlaçava

os ombros lisos da bem amada.


É inútil a tua aflição;

nada podes sobre o teu destino.

Se és prudente, toma o que tens à mão.

Amanhã... que sabes do amanhã?


Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite

a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.

Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;

o meu remorso será leve como os teus cabelos.


Além da Terra, pelo Infinito,

procurei, em vão, o Céu e o Inferno.

Depois uma voz me disse:

Céu e Inferno estão em ti.


O vasto mundo: um grão de areia no espaço.

A ciência dos homens: palavras. Os povos,

os animais, as flores dos sete climas: sombras.

O profundo resultado da tua meditação: nada.


Bebe vinho, ele te devolverá a mocidade,

a divina estação das rosas, da vida eterna,

dos amigos sinceros. Bebe, e desfruta

o instante fugidio que é a tua vida.


Um dia pedi a um velho sábio

que me falasse sobre os que já se foram.

Ele disse:

Não voltarão. Eis o que sei.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

História da Cidade do Jegue

A CIDADE DO JEGUE

Renata Ferreira de Oliveira

Lá por volta do ano de 1890, quando as contendas entre famílias tradicionais marcavam o cenário do sertão, um lugar foi palco de uma luta danada entre as famílias dos coronéis Tramando Males[1] e Vélio Alpes[2].

Não se sabe ao certo o ocorrido, o que se sabe é que a futrica corria de boca em boca, nas beiras das estradas, nos pequenos botecos, e ao redor das fogueiras que iluminavam as sentinelas.

Naquele tempo, ainda quando a cidade era um pequeno arraial na beira do Rio Pardo, a família do Cel. Tramando Males era numerosa naqueles confins. Tão numerosa quanto a família do Cel. Vélio Alpes. Enormes também eram seus rebanhos e suas terras. Acontece que, por certo, T. Males era um caboclo* dos mais brabos daquelas bandas e não tinha medo de nada, nem de homem nem de livrusia. O sujeito era tão valente que, dizia o povo, até alma penada das terras dele corria. Lobisomem então, passava ao largo das suas terras. Mas Vélio Alpes também era daqueles cabras* que tem no Sertão, de meter medo até em defunto dentro do caixão.

T. Males e Vélio Alpes não amarravam lá muito os bigodes. Ainda mais quando um roubou do outro um bode. Aí a rixa se agravou, quando Tramando Males um bode de V. Alpes matou. Matou e comeu com grande estardalhaço.

Vélio Alpes, que num tinha medo de se apoquentar, um bode de T. Males foi roubar para no braseiro assar. E convidou meio mundo de gente e prá eles anunciou que, com ele era assim, e não podia ser diferente: ladrão que rouba ladrão, tinha 100 anos de perdão.

E a farândula se espalhou. O lugar logo se tornou um cenário de guerra. Tinha os que eram do lado do Cel Tramando, e os que acompanhavam o Cel Vélio Alpes. Aqueles diziam que o Cel Tramando Males não ia deixar barato. Estes já retrucavam dizendo que barato já tinha ficado...

T. Males, sabendo das futricas, de uma novilha de V. Alpes fez restar somente as tripas.

O povo do arraial, dando notícias do acontecido, vivia de leva-e-trás deixando os coronéis mais aborrecidos. Vélio Alpes, teimoso como uma mula, espreitava contra T. Males..... E resolveu dar um troco, mas um troco tão bem dado, que o Cel seu rival não poderia nem mesmo responder...

Biriquita daqui, biriquita dacolá, V. Alpes surrupiou um jegue da fazenda Jatobá.

O jegue, favorito do Cel Tramando Males, que era tão gordo e belo, e que tinha sido criado por Mariazinha Timbó, bruxa velha, daquelas bandas. Diziam que a véia labutava com as coisas das profundas. E foi ela que, numa sessão de descarrego, disse ao Cel T. Males onde estava o seu burrego.

Da sua fazenda, T. Males, sabendo do acontecido, no seu rebanho botou sentido e a sua ação planejou.

Foi se acertar com Vélio Alpes, que deu de ombros a seu desafeto e, não querendo conversa, puxou um cigarro de palha e ficou a olhar o teto. T. Males se arretirou, mas vingança ele jurou.

Velio Alpes pôs-se a clamar que todo o povo das redondezas em sua casa viesse estar, pois naquele dia o arraial ia batizar. Quando todos, naquele panavoeiro se achavam na casa do coronel, esse trouxe o jegue paramentado como um tabaréu.

Ao povo pediu que guardasse aquele acontecido na memória, pois aquele jegue entraria para a história.

Anunciou que o jegue tinha sido doado por Tramando Males e que ali haveria de morrer, doando àquele lugar, o nome do Coronel, como haveria de ser. Porque assim, o lugar seria próspero, bonito e o seu povo trabalhador. Igualzinho àquele jegue, um dos mais belos animais que eles já tinham visto.

Chamou o padre para o jegue benzer antes de morrer, pois o bicho não podia ser morto pagão, para que sua alma não vagasse pelo sertão.

O povo, que queria mesmo era biritar, fez uma festa para honrar o pobre jegue que tornaria aquele lugar próspero e alegre.

Levaram o diacho do animal para a entrada do arraial, fizeram uma grande procissão encorajando o jegue a cumprir sua missão de dar seu nome e sua vida por aquele pedaço de chão. E o jegue, que nunca havia sido tão bem cuidado, de capim verdinho a pão de ló, ia para o lugar do sacrifício sem nada saber. Também, se soubesse, iria fazer o quê? Ia todo garboso, à frente do pelotão, se sentindo o melhor dos bichos, com todos lhe passando a mão. Pega daqui, pega dali, o bicho parecia um imperador. Na verdade, todo vestido, parecia um doutor.

Na entrada do arraial V. Alpes pôs-se a discursar, dizendo que aquele lugar um dia haveria de se chamar Tramando Males, em honra daquele jegue que ali iria tombar.

Mataram então, o pobre animal, e seu corpo sepultaram como se fosse alguém importante, digno de um funeral como costumava se fazer no arraial.

Foi uma notícia daquelas que se espalham como pólvora acesa. A turma de Vélio Alpes a seus desafetos chamavam de jegues, sem nenhum pudor ou piedade. Estes, sem poder retrucar, cobravam de seu Coronel uma posição a tomar.

E a guerra começou. O Cel Tramando Males, quase tendo um piripaque, ordenou a seus meganhas que iniciassem o combate. E, três dias depois, como num passe de magia, amanheceu morto na fazenda de Vélio Alpes, dois de seus vigias. Vélio Alpes, prá não ficar prá trás, mandou matar um primo de Tramando, pendurando-o em uma árvore, perto do curral. E assim, as coisas foram se sucedendo, ora morrendo um, ora morrendo outro, até que as famílias não eram mais tão numerosas assim. Foi quando aconteceu o pior.

Tramando Males, numa jogada de mestre, pegou a filha de Vélio e dela se tornou varão. E saiu dizendo aos quatro cantos que agora não era mais coronel, que agora era barão. Vélio Alpes, não se fazendo de rogado, pegou o filho de Tramando, e dele fez um roçado. Além disso, deserdou a filha e dela não quis mais saber. Se ela gostou do barão, com ele deveria viver. E mandou entregar Baleia, a velha cadelinha que a ela pertencia, lá na sede da fazenda do seu grande rival. Se estava com a filha, que ficasse com a cachorra, que não faria nenhum mal.

O Cel. T. Males, após o acontecido, arribou as malas e foi viajar, pois não tinha mais o respeito dos tabaréus daquele lugar.

Todos daquele lugar, a futrica puseram a delatar. E passaram a chamar o lugarejo de Tramando Males, até que um dia cidade se tornou, carregando consigo a história do pobre jegue, que a culpa dos outros teve de espiar, mas o nome da cidade ao menos veio lhe honrar.

Do velho Cel Tramando Males, não mais se soube. Dizem que foi aumentar a sua fortuna em outro lugar.

Contam hoje na região, que a cidade não se desenvolveu por culpa do jegue que tá enterrado naquele chão. É por isso que, quando uma coisa não dá certo num lugar, aparece logo alguém que diz: ACHO QUE TEM UMA CABEÇA DE JEGUE ENTERRADA ALI...

Em Tramando Males, não tem apenas uma cabeça, mas um jegue inteirinho...


[1] Pseudônimo de Cândido Sales.

[2] Pseudônimo de Célio Alves.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Casa de Taipa


Nos meus tempos de meninota, a pequena casa em que vivia acolhia a vida com um doce fascínio.
Uma casinha de taipa herdada de meu avô foi a minha moradia, até que o tempo a dissipou.
O cenário era intrigante, pintava no sertão o quadro mais belo que meus olhos puderam contemplar.
A casa de taipa era como um castelo de sonhos, que despertava a imaginação de uma menina brincalhona, que acreditava ser aquele lugar um reino encantado.
Suas janelas foram passagens para o horizonte por detrás da serra. Lá onde o bem-te-vi cantava as proezas daquela terra.
Pela manhã, eu avistava a barriguda florida. Mágica a barriguda se tornava quando chegava o por do sol.

À notinha, pelas frestas das paredes, o brilho da lua enchia o lugar de festa e esplendor, levando dali todo o cansaço e a dor do dia.
A cor avermelhada das paredes feitas pelas mãos de meu avô lembrava a terra que ali criou vida.
A passagem do tempo fez a dor chegar, quando tivemos que nos retirar daquelas terras, em busca de sonhos que diziam estar em outro lugar.
O aconchego da casa de taipa, nunca mais pude ter. Tiraram-na de mim, e eu nem soube o porquê.
Agora que cresci, volto a olhar aquele belo cenário que havia no meu lugar. No meu sertão profundo, cheio de poesia e magia, ainda hoje, nos meus sonhos, repleto de alegria.
A casa de taipa tornou-se apenas uma lembrança daquele meu tempo de criança. Mas a barriguda, resistência criou, raízes ali fincou, mostrando-me que o tempo nada apagou e que, na verdade, minha casinha de taipa, novamente, terra se tornou.




Renata Ferreira de Oliveira (inverno de 2008)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ser o sertão...


Estou sempre sendo impulsionada a retornar ao sertão. É incrível como as raízes são tão profundas. Como as marcas são tão vivas. Desde muito pequena, convivia com as imagens de um cenário belo e singular: o sertão. Não o sertão de Euclides da Cunha desprovido de gente verdadeiramente sertaneja, mas o sertão de gente que mantém toda uma tradição viva.
Agora, retorno para entender como a feminilidade sertaneja permite toda a continuação de comunidades resistentes. Muitas, matriarcas, formadas a partir de uma avó pega no mato a "dente de cachorro" ou seja, a avó índia e outras tantas mulheres fortes, as parteiras, por exemplo. Quantas ajudaram na passagem das crianças. No sertão, são as mulheres as responsáveis por guardar a tradição das rezas, dos sambas para os santos, das festas juninas, das quermesses.
São elas também, responsáveis por manter a unidade familiar. Enquanto seus maridos saem em busca de trabalho pelo mundo a fora. São as mulheres que cuidam do lar, da casa, dos animais, de buscar a água na cabeça, de fazer penitências para a chuva chegar.
São elas as mais agredidas pelo clima, pois dependem inteiramente da água para o desenvolvimento de sua família.
Mas são tão diversas, distintas, sonhadoras, desejosas de coisas novas, de renovar o saber...
Por isso, há dois anos quando escrevi meu poema "Sertão, tão ser" dedique alguns versos a essas guerreiras sertanejas.

" Sertão de janelas abertas, de moças a esperar,
Que o amor venha despertar seus corações...
Sertão, tão ser.
Ser a beleza iluminada com jeito de menina
Que no sertão é a fina essência feminina
Sertão, tão Ser!!"

Discurso


Quando falei por mim e meus colegas...

COMO É BOM CELEBRAR A HISTÓRIA. MELHOR AINDA, É FAZER PARTE DA CONSTRUÇÃO DESSA HISTÓRIA. E HOJE, QUERIDOS AMIGOS, NOS JUNTAMOS AQUI PARA FORMARMOS O GRANDE ELO DA HISTÓRIA. ESSE ELO É A NOSSA AMIZADE. MAS... POR QUE HISTÓRIA? QUANTOS DE NÓS ESCUTAMOS E FIZEMOS ESSA PERGUNTA... POR QUE HISTÓRIA? SERIA APENAS PELA LEMBRANÇA DO PASSADO? NÓS, OS HISTORIADORES, SOMOS CONFUNDIDOS CONSTANTEMENTE COM O PASSADO. A NÓS, FOI DECRETADO QUE TEMOS DE DESVENDÁ-LO MAS, O QUE É O PASSADO PARA A HISTÓRIA? HOBSBAWM AFIRMOU QUE TODOS OS HUMANOS TÊM CONSCIÊNCIA DE SEU PASSADO E OS HISTORIADORES SÃO O BANCO QUE ASSENTA A MEMÓRIA DESSES TEMPOS IDOS. MAS NÃO É SOMENTE A NÓS QUE CABE O ESTUDO DO PASSADO OU DA SUA DIMENSÃO. AO PENSARMOS NOS QUATRO ANOS DE CURSO OU NO NOSSO TEMPO DE VIDA... OU MESMO NO TEMPO DE VIDA DE NOSSOS PAIS, CELEBRAMOS UM MARCO CRONOLÓGICO. AÍ, NECESSITAMOS DA HISTÓRIA PARA ISSO. MESMO QUANDO NÃO SABEMOS O PORQUÊ, ESTAMOS TRABALHANDO A HISTÓRIA. O IMPULSO EM DESVENDAR OS FATOS NOS CONDUZIU À CONSTRUÇÃO DO NOSSO CONHECIMENTO SOBRE A HISTÓRIA. FORAM QUATRO ANOS PARA QUE CHEGÁSSEMOS ATÉ AQUI, NESSA NOITE. ESSE TEMPO, MARCADO POR UMA DIVERSIDADE DE FATOS, NOS FEZ HOMENS E MULHERES DA HISTÓRIA. SOMOS HOJE APENAS PARTE DO QUE FOMOS HÁ QUATRO ANOS. NOSSA VIDA SE MODIFICOU, POIS NÃO SÓ ADQUIRIMOS CONHECIMENTO TEÓRICO, MAS TAMBÉM CONHECIMENTO SOBRE A HUMANIDADE. E COM AS PREMISSAS DE HISTORIADORES CONSAGRADOS, COMO MARC BLOCH, SEGUIMOS A NOSSA JORNADA SABENDO QUE “O OBJETO DA HISTÓRIA É, POR NATUREZA, O HOMEM”. SÃO OS HUMANOS QUE A HISTÓRIA QUER CAPTURAR . QUEM NÃO CONSEGUIR ISSO, DISSE BLOC, SERÁ APENAS, NO MÁXIMO, UM SERVIÇAL DA CIÊNCIA. NO COTIDIANO DO CURSO, QUANTOS HUMANOS DESCOBRIMOS NA SALA DE AULA... NÃO SOMENTE AQUELES GRANDES FEITORES DA HISTÓRIA, MAS OS QUE SENTAVAM AO NOSSO LADO. QUANTAS FACES ENXERGAMOS NOS NOSSOS COLEGAS, QUE SE TORNARAM TAMBÉM NOSSOS AMIGOS, NOSSOS COMPANHEIROS... QUANTAS FACES ENXERGAMOS NOS PROFESSORES, QUANDO SABIAMENTE NOS CONDUZIAM PELOS CAMINHOS DO CONHECIMENTO... COMO APRENDEMOS A NOS TORNAR MAIS HUMANOS, GRAÇAS A VOCÊS: PROFESSORES! VOCÊS QUE NOS AJUDARAM NÃO SOMENTE A CRESCER INTELECTUALMENTE, MAS TAMBÉM PELA FORÇA DA AMIZADE, A SERMOS HOMENS E MULHERES MELHORES! RECLAMAMOS? SIM, E COMO RECLAMAMOS... POIS A JORNADA FOI LONGA... PARA ALGUNS, MAIOR AINDA, POIS CONTINUAM NELA. E AO LONGO DESSE TRAJETO, PASSAMOS POR MUITAS PROVAÇÕES E CONQUISTAS. CRUZAMOS OS LAMPEJOS DA ANTIGUIDADE ACOMPANHADOS DE UMA BOA TAÇA DE VINHO; DESBRAVAMOS AS RUAS DA GRÉCIA E ROMA, VIAJAMOS COM ODISSEU. PENETRAMOS AS FLORESTAS DOS CASTELOS MEDIEVAIS. ADENTRAMOS O INFERNO DE DANTE. FOMOS À ÁFRICA, TENTAMOS ENCONTRAR A NASCENTE DO NILO. VOLTAMOS AO BRASIL CONTEMPORÂNEO, DE CAIO PRADO; VISITAMOS AS CIVILIZAÇÕES AMERICANAS, PARTICIPAMOS DAS INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA LATINA, ENTENDEMOS OS MOVIMENTOS SOCIAIS, CONHECEMOS LAMPIÃO, SEM NOS ESQUECER DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES. PERCORREMOS O PERÍODO CONTEMPORÂNEO, ORQUESTRADOS PELAS ERAS DE HOBSBAWM. CULTIVAMOS E CONFRONTAMOS O TRADICIONALISMO COM A REALIDADE, DESVENCILHANDO O REAL DO IMAGINÁRIO, CONHECENDO AS PRIMAZIAS DAS REVOLUÇÕES. E, AINDA, MONTAMOS NOSSOS PLANOS DE AULAS, RECHEADOS DESSE CONHECIMENTO. CONHECIMENTO ESSE QUE NÃO SE ESGOTOU, MAS PERDURA. ESSA É A RAZÃO PELA QUAL PROSSEGUIREMOS NOSSA JORNADA EM BUSCA DO PRAZER DE CONHECER. CONHECIMENTO ESSE QUE NORTEOU A SALA DE AULA, ALIMENTADO PELO QUESTIONAMENTO. QUESTIONAMOS. E COMO QUESTIONAMOS... AS DÚVIDAS NÃO TINHAM MOMENTO PARA SURGIR. COMO ERA BOM! ÀS DEZ E VINTE E CINCO DA NOITE DE SEXTA, PRONTOS PARA IRMOS DESTINO AFORA, ELAS SALTAVAM... E SALTAVAM COM TAMANHA VEEMÊNCIA QUE ATÉ ESQUECÍAMOS QUE O ÔNIBUS PARTIRIA EM 5 MINUTOS. FICÁVAMOS RAIVOSOS, CURIOSOS, SORRIDENTES... FICÁVAMOS FELIZES... ÓH!!! QUANTAS METAMORFOSES KAFKIANAS ATRAVESSAMOS... QUANTOS RÓTULOS RECEBEMOS... E POR ISSO EU INSISTO... POR QUE HISTÓRIA? FOMOS CONVOCADOS A DESVENDAR AS PÁGINAS DO PASSADO, PARA ENTENDERMOS O PRESENTE E PENSARMOS O FUTURO, DE FORMA QUE PUDÉSSEMOS COMPREENDER A LIBERDADE DO HOMEM. O HOMEM É LIVRE... ÉRAMOS LIVRES QUANDO ENTRAMOS PARA O CURSO, SOMOS MAIS LIVRES AGORA... PARAFRASEANDO DOSTOIEVSKI, EU DIGO QUE: EM PRIMEIRO LUGAR, LIVRES... LIVRES QUANDO QUISEMOS ESTA VIDA; EM SEGUNDO LUGAR, LIVRES PELO FATO DE PODERMOS ESCOLHER O CAMINHO DESTA VIDA E A MANEIRA DE O PERCORRER;
EM TERCEIRO LUGAR, LIVRES PELO FATO DE, NA QUALIDADE DAQUELES QUE SOMOS, VOLTAR A SERMOS DE NOVO UM DIA, TER A VONTADE DE NOS DEIXARMOS IR, CUSTE O QUE CUSTAR, ATRAVÉS DA VIDA, E DE CHEGAR, ASSIM, AO NOSSO PRÓPRIO DESTINO. E ISSO POR UM CAMINHO QUE PODEMOS, SEM DÚVIDAS, ESCOLHER, MAS QUE, EM TODO O CASO, POR MEIO DA HISTÓRIA QUE CONSTRUÍMOS JUNTOS, FORMA UM LABIRINTO QUE NOS UNE E QUE NOS TOCA NOS MENORES RECANTOS DESTA VIDA.
COLEGAS FORMANDOS... FOI CONTRA VÁRIAS ADVERSIDADES QUE CHEGAMOS ATÉ ESSE DIA. A LUTA FOI ÁRDUA E SOMENTE POR MEIO DA UNIÃO DA “FALANGE”, SOMOS HOJE VITORIOSOS. ESTAMOS AQUI, TAMBÉM, REPRESENTANDO OS QUE, POR DIVERSAS RAZÕES, FICARAM PELO CAMINHO. MAS QUE DEIXARAM SUAS MARCAS EM NOSSAS VIDAS. POR ISSO... NÃO SOMOS MAIS OS MESMOS... SOMOS HOJE MAIS COMPLETOS, MAIS HUMANOS E, COM CERTEZA, LEVAREMOS EM NOSSAS VIDAS ESSAS EXPERIÊNCIAS QUE NOS TORNARAM PESSOAS MELHORES... É POR ESSA RAZÃO QUE HOJE, TAMBÉM LEMBRAMOS AQUELES QUE FICARAM ALÉM DOS MUROS DESSA UNIVERSIDADE, AO SE ESBARRAREM NA PAREDE DO VESTIBULAR. MAS QUE DESEJARIAM, COM INTENSIDADE, ESTAR AQUI CONOSCO. É... A BATALHA FOI MESMO LONGA... DE QUANTAS COISAS ABRIMOS MÃO PELA LEITURA DOS LIVROS... QUANTOS AMORES DEIXAMOS DE VIVER, PARA PODERMOS ESTUDAR... QUANTAS CONVERSAS DEIXAMOS DE TER COM NOSSOS AMIGOS... QUANTAS AUSÊNCIAS DOS NOSSOS LARES, DO ACONCHEGO DO COLO DE NOSSOS PAIS... E QUANTAS VEZES FICAMOS SEM DORMIR... OU DORMIMOS SOBRE OS LIVROS... QUANTO CONHECIMENTO PARA APREENDER, DEGUSTAR E ELABORAR!!! E A QUEM PERTENCE ESSE CONHECIMENTO? NO PRIMEIRO MOMENTO, ÉRAMOS CONVICTOS DE QUE ESSE SABER PERTENCIA A VOCÊS, PROFESSORES. HAVIA UM HIATO DE CONHECIMENTO QUE NOS SEPARAVA. MAS FOI POR MEIO DA DEDICAÇÃO AO MINISTRAREM AS AULAS, QUE PUDEMOS CRIAR UMA PONTE, QUE POSSIBILITOU A NOSSA TRAVESSIA PARA, JUNTOS, FORMARMOS UM CONJUNTO DE SERES HUMANOS DEPENDENTES UNS DOS OUTROS, A FIM DE ADQUIRIR O SABER. MESTRES... NOSSOS ESPELHOS... BEBEMOS DO SABER ADQUIRIDO POR VOCÊS AO LONGO DE SUAS JORNADAS... SABÍAMOS QUE, UM DIA, VOCÊS FORAM COMO NÓS. SENTARAM NOS BANCOS DAS UNIVERSIDADES, TIVERAM DIFICULDADES, DÚVIDAS, MAS AS SUPERARAM... POR ISSO: VOCÊS FORAM SEMPRE OS NOSSOS ESPELHOS!!! A VOCÊS MESTRES, SOBRETUDO, AGRADECEMOS O CARINHO, A DISPONIBILIDADE E A RESPONSABILIDADE NA PARTILHA E NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO. MESTRES... MUITO OBRIGADA! E AOS SENHORES, PAIS... QUE FORAM NOSSOS PRIMEIROS MESTRES, NOS ENSINARAM AS PRIMEIRAS PALAVRAS, OS PRIMEIROS PASSOS, CONDUZIRAM-NOS PELO CAMINHO DO BEM, ENSINARAM-NOS A VENCER NOSSOS MEDOS E A ENCONTRAR NOSSO CAMINHO NO MUNDO. QUEREMOS PEDIR PERDÃO PELOS MOMENTOS DE AUSÊNCIA, DE NERVOSISMOS, ANSIEDADES, IMPACIÊNCIA, PORQUE ISSO É PRÓPRIO DE UM ESTUDANTE TENTANDO SE ENCONTRAR NO MUNDO DO CONHECIMENTO. TEMOS A CERTEZA DE QUE SEMPRE FOMOS COMPREENDIDOS POR VOCÊS. POR ISSO, DEDICAMOS A VOCÊS ESSA VITÓRIA. A VOCÊS, PAIS, QUE TANTO AMAMOS: MUITO OBRIGADA! COLEGAS FORMANDOS... NOSSAS VIDAS, NESSA JORNADA, FOI UMA PARTILHA CONSTANTE. NOSSA AMIZADE FOI, DIA A DIA, SE SOLIDIFICANDO. ELA ULTRAPASSOU AS PAREDES DA SALA DE AULA, FOI SE EXTENDENDO NOS ÔNIBUS, NOS BARZINHOS, NAS REUNIÕES EM NOSSAS CASAS, ONDE DIVIDÍAMOS NÃO SOMENTE UMA BEBIDA, MAS TAMBÉM PARTILHÁVAMOS NOSSAS DÚVIDAS, NOSSOS SABERES, CONCEITOS E, SOBRETUDO, NOSSOS SONHOS. A NÓS AGORA, CAROS FORMANDOS, FOI CONFIADA A PARTILHA DO CONHECIMENTO ADQUIRIDO. SOMOS RESPONSÁVEIS PELO DESPERTAR DO SABER NOS EDUCANDOS QUE SERÃO A NÓS CONFIADOS. DEVEMOS DESEMPENHAR EM SALA DE AULA AS FUNÇÕES EDUCACIONAIS CAPAZES DE SUSCITAR NOS NOSSOS ALUNOS UM CONHECIMENTO ADQUIRIDO POR MEIO DA CURIOSIDADE E QUESTIONAMENTOS SOBRE SI E SOBRE SUA SOCIEDADE. PARA QUE CADA ALUNO ENTENDA E QUESTIONE O HOMEM NESSE UNIVERSO. ESSE É O PAPEL DO PROFESSOR DE HISTÓRIA. E VOLTA A PERGUNTA: POR QUE HISTÓRIA? A HISTÓRIA É MESMO À PROVA DO TEMPO? PODEMOS APREENDER O TEMPO? SOMOS MESMO HOMENS E MULHERES DO TEMPO? PODEMOS ATÉ NÃO TER CERTEZA DAS RESPOSTAS. TALVEZ ELAS AINDA ESTEJAM EM CONSTRUÇÃO. MAS O QUE CONFIRMAMOS AQUI HOJE E QUE JÁ FOI CONSTRUÍDO POR NÓS, É A CERTEZA DE QUE PODEMOS SEMPRE RETORNAR NO TEMPO. AOS TEMPOS IDOS, POR MEIO DA MEMÓRIA ETERNAMENTE CULTIVADA. TUDO PASSA... VERDADES, CONCEITOS, SENTIMENTOS. MAS AS LEMBRANÇAS, ESSAS PERMANECEM. E É POR MEIO DELAS QUE RETORNAREMOS SEMPRE AO NOSSO TEMPO. TEMPOS DE JUVENTUDE, TEMPOS DE FACULDADE... ESSE TEMPO AQUI... NOSSO TEMPO! E VOLTO A PERGUNTAR: POR QUE MESMO HISTÓRIA? HISTÓRIA, PORQUE QUERÍAMOS CONHECER O HOMEM. E ASSIM, ACABAMOS CONHECENDO A NÓS MESMOS... HISTÓRIA, PORQUE QUERÍAMOS SABER A ESSÊNCIA DE NOSSAS VIDAS... HISTÓRIA PELO QUE ELA É, E PORQUE ELA PODERIA SER. MAIS QUE ISSO, PELO QUE ACONTECEU, COM O QUE PODE VIR A ACONTECER. NÃO SOMOS DAQUELAS PESSOAS QUE APENAS LÊEM SOBRE O QUE SE PASSOU... NÓS ANALISAMOS, INTERPRETAMOS E INCORPORAMOS, EM NÓS, A PARTE QUE NOS INEBRIA, QUE NOS FAZ SENTIR A VIDA. ASSIM SENDO, HISTÓRIA PORQUE NÃO HAVIA MAIS NADA QUE PUDÉSSEMOS FAZER... PORQUE SENÃO, NÃO SERÍAMOS NÓS!

MUITO OBRIGADA!
RENATA FERREIRA DE OLIVEIRA – (ORADORA)
SETEMBRO DE 2009

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Documentos sobre índios



Estava eu exercendo o meu ofício de historiadora e eis que surgiu diante de mim um documento singular sobre os povos indígenas do Planalto da Conquista. O registro é datado de 1936 o que contrapõe diretamente as narrativas de que os índios dessa região ou foram exterminados ou foram todos aldeados e depois se tornaram mestiços desaparecendo entre a população civil. Pois bem eis que os documentos voltam a dar provas de que essa região é uma das últimas na Bahia, quiçá a última a ter índios ainda habitando as selvas.
De acordo com minha orientadora do mestrado, essa carta ajudou uma índia a encontrar a mãe que na ocasião era uma das crianças mencionadas...
Vamos ao registro.

OS ÍNDIOS CAMACÃS NA SERRA DO COURO D’ANTA (serra localizada na região da atual cidade de Itapetinga)

“ ontem aqui cheguei trazendo de minha fazenda Itaporanga (Zona da Serra Couro D’anta), nove índios Camacans, só que consegui atrahir por meios amistosos, quando se aproximaram de uma roça de meu irmão Agrippino Dutra, no 4 do corrente mez.
Appareceram 10, sendo 4 homens, 3 mulheres e 3 creanças, dos quaes existia um bastante doente e que veio a fallecer no dia 10 deste e que se chamava Ramicoy ou Ramicou.
Os nove que eu trouxe para minha fazenda Liberdade e ontem para aqui chamam-se (os três homens) Cocaes, Nocay e Itay; as mulheres: Uqueluqú, Morrtcoy, e Tirimanim, esta última, é mulher do chefe (Cocaes), e as três meninas: Tiarrv, Copté e Paraguassú. São tipo baixo, cor bronzeada, franzinos, isto é não são museulosos; armados de arco e frecha; essas de três espécies, como sejam: Motó, preaca e choupa ou lança. Estavam todos despidos, e conduziam três cães de caça os quaes acodem pelos nomes de: Copy, Nay e Tucnay e mais, um macaquinho novo e 2 quatisinhos também novos. Typo amável, porém desconfiados, risonhos.
O seu idioma ou o dialecto, nada tem do tupy ou Guarany, a não ser o nome de uma creança (Paraguassú)cujo nome fora dado no Posto Indígena do Colônia, onde em certa ocasião eu passei por lá, encontrei o tal chefe Cocaes. Do dialecto por eles falado, apenas pude colher resumido número de vocábulos, como sejam: Tupá: deos, Querrem: trovão, Tabou: chuva, Itarram: fogo, Inarram: água, Borroy, arco ou frecha, Topá: carne, Bagajnam: galinha, Urrah: pato, Mocurrá: cabeça, Catinancon: homem, Catinancon Sapucay: homem preto, ou simplesmente Nanconsapucay.Bechtió: mulher, Orroy: mandioca, Itamanin: farinha, Querrem: porco ou leitão, Emon: irmão, jaboty ou kágado é Uoy. Rapcorroy: dança ou dançar, Motto ou mata (floresta): Ramanin. Doente ou doença: Ramican,casa: Barricou.
É só o que tenho conseguido compreender até hoje.
Estão satisfeito commigo, porque os tenho tratado bem. Dando-lhes o que comer, tendo vestido a todos. Hontem a noite os levei ao ensaio carnavalesco, de que elles gostaram bastante. De falha hoje aqui, voltarei com eles para a minha fazenda e dalli os mandarei levar ao Posto Indígena.”

A foto mostrada são de esculturas de Botocudos retratados na cerâmica pelo artista e descendente indígena Gilvandro.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ainda os índios....



Pois bem...
Estava eu sentada na santa paz da minha sala de aula no mestrado... Eis que o professor começou a falar e mostrar imagens sobre a Bahia. Então apareceu uma imagem de três índios bem trajados, calçados e em posição pronta para a foto. Embaixo estava escrito: últimos de sua raça que se localizava no sul da Bahia - detalhe todos homens, nenhuma índia para ajudar na procriação...
Não tive tempo de debater a imagem na sala, mas voltei pra casa mais atormentada do que o normal...
Diante de todos os cenários que apareciam na minha cabeça eu resolvi perguntar para quem quisesse me responder: O QUE É MESTIÇAGEM?
Em Conquista os índios sumiram só ficaram os mestiços... suas "raças" beberam cachaça envenenada e morreram embriagados...

Falando em índio...



Eis que o índio desceu da estrela...
A imagem que fazemos hoje dos povos indígenas está relacionada com os índios Tupy e Guarany. Só para refrescar a memória, os Tupy - Guarany foram os nativos que melhor se adaptaram à civilização imposta pelos descobridores. Esses índios "bravamente" deram seu sangue para que a nação pudesse florescer. Mortos, foram retratados em telas, e romances a la Alencar. Na verdade esses eram os índios bons, pois estavam MORTOS...
Contra os bons Tupy e Gurany estavam os índios do sertão... os temidos E VIVOS Tapuia, Botocudo, Bugre ou bárbaro...
Eis que Conquista abrigava os Tapuya bárbaros. Assim, eles não serviriam para representar a nascente civilização que hoje respira as auroras da modernidade...
Mortos, foram esquecidos... Mortos aqui quer dizer que sumiram da memória da cidade.
Porque não seria estranho se uma hora dessas um Tapuya bárbaro descesse mesmo de uma estrela...

No tempo da conquista de Conquista

Cadê o índio de Conquista? Interrogou-me algum conquistense...
Eu disse: talvez ele esteja no seu sangue...
De sobressalto respondeu-me a tal figura...
O que? impossível... sou descendente das primeiras famílias que tem raízes em João Gonçalves...
Ahhh... eu disse... então tens descendência em escravos....
Horrorizada a figura fulminou-me com um olhar abrasador...
Impossível, João Gonçalves era nobre...
Nobre, claro, (eu disse)mas era escravo forro...
Nobre porque se intitulou assim entre escravos e índios e como a clavina pertencia a ele, revogou o status de "sinhô"
O que é clavina? Me perguntou o conquistense...
Diante disto, respirei profundamente, mirei meu caminho e tomei meu destino sem olhar o que ficava...
Fui embora pensando... pensando...
O que Conquista é hoje?

sábado, 29 de maio de 2010

No entremeio

No entremeio o mundo é forjado...