sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Os Rubaiyat de Omar Khayyam




Omar Khayyam foi poeta, matemático e astrônomo irariano. Nasceu na Pérsia em 25 de Julho de 1048 e morreu em 4 de Dezembro de 1131. Foi responsável por calcular o calendário Persa. Contribuiu em algébra com o método para resolver equações cúbicas pela intersecção de uma parábola com um círculo , que viria a ser retomada séculos depois por Descartes.
A filosofia de Omar era bastante diferenciada dos dogmas islâmicos. Concordou com a existência de Deus mas se opôs à noção de que cada acontecimento e fenômeno particular era o resultado de intervenção divina. Em vez disso ele apoiou a visão que leis da natureza explicam todos fenômenos particulares da vida observada.
De sua poesia conhecemos os Rubaiyat que grosseiramente significam as "quadras". sua tradução mais célebre para o português é de Edward Fitzgerad em 1839.
A seguir alguns de seus Rubaiyat.

Noite, silêncio, folhas imóveis;

imóvel o meu pensamento.

Onde estás, tu que me ofereceste a taça?

Hoje caiu a primeira pétala.


Eu sei, uma rosa não murcha

perto de quem tu agora sacias a sede;

mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,

e que te fez desfalecer.


Acorda... e olha como o sol em seu regresso

vai apagando as estrelas do campo da noite;

do mesmo modo ele vai desvanecer

as grandes luzes da soberba torre do Sultão.


Olha com indulgência aqueles que se embriagam;

os teus defeitos não são menores.

Se queres paz e serenidade, lembra-te

da dor de tantos outros, e te julgarás feliz.


Que o teu saber não humilhe o teu próximo.

Cuidado, não deixes que a ira te domine.

Se esperas a paz, sorri ao destino que te fere;

não firas ninguém

Busca a felicidade agora, não sabes de amanhã.

Apanha um grande copo cheio de vinho,

senta-te ao luar, e pensa:

Talvez amanhã a lua me procure em vão.


Alcorão, o livro supremo, pode ser lido às vezes,

mas ninguém se deleita sempre em suas páginas.

No copo de vinho está gravado um texto de adorável

sabedoria que a boca lê, a cada vez com mais delícia.


Há muito tempo, esta ânfora foi um amante,

como eu: sofria com a indiferença de uma mulher;

a asa curva no gargalo é o braço que enlaçava

os ombros lisos da bem amada.


É inútil a tua aflição;

nada podes sobre o teu destino.

Se és prudente, toma o que tens à mão.

Amanhã... que sabes do amanhã?


Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite

a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.

Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;

o meu remorso será leve como os teus cabelos.


Além da Terra, pelo Infinito,

procurei, em vão, o Céu e o Inferno.

Depois uma voz me disse:

Céu e Inferno estão em ti.


O vasto mundo: um grão de areia no espaço.

A ciência dos homens: palavras. Os povos,

os animais, as flores dos sete climas: sombras.

O profundo resultado da tua meditação: nada.


Bebe vinho, ele te devolverá a mocidade,

a divina estação das rosas, da vida eterna,

dos amigos sinceros. Bebe, e desfruta

o instante fugidio que é a tua vida.


Um dia pedi a um velho sábio

que me falasse sobre os que já se foram.

Ele disse:

Não voltarão. Eis o que sei.


2 comentários:

  1. Enviei minha alma através do invisível, para soletrar uma carta desta pós vida, e aos poucos minha alma voltou para mim e respondeu: Eu mesmo sou céu e inferno."

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  2. Essa frase de Omar me marcou profundamente - conheci através das leituras na obra de Oscar Wilde... Depois descobri que Omar Khayyam tinha a mesma frase citado no filme: O Retrato de Dorian Gray (1945) vale a pena ver - mas voltando parabéns pelo blog....revitalizante...

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