domingo, 25 de novembro de 2012

Lamentos



Cores de uma vida feliz...
sonhos de amor revelados
nas gotas daquele vinho pungente
que fere como tochas de uma inquisição...
passado...
nunca mais...
vou embriagar-me na noite escura de teus cabelos
que em caracóis me envolvem...
libidinosa
sua boca de gênio
palavras mal ditas entre os dentes
aperto o meu peito
sufoco o coração que palpita...
pelas paredes vejo sombras
reluzentes …
imagens fantasmagóricas do mar de Colombo..
sonho calada
a ferida aberta sangra...
eu só vejo o gosto do vinho
derramado dos lábios vermelhos..
daquela criatura da noite
vil...
choro um mar que abriga criaturas folclóricas...
vou me perdendo...
nos acordes de seu lamento
danço um bolero maldito...
mas estou feliz
no som perdido
eu pude morrer em paz!

sábado, 24 de novembro de 2012

Um poeta





O poeta lançou palavras soltas ao ar...
e sem saber, abateu um coração...
Quem és tu, ó poeta, a despertar a doce imaginaçãp de uma pobre alma?
Quem és tu, cujo semblante é como o reflexo das árvores em tardes de primavera?
Cujo sorriso relembra raios de sol a fecundar a terra???

Quem és tu, ó poeta, cujo hálito tem cheiro de brisa da manhã,
cuja voz soa como trovão
e as mãos são macias e quentes como os dias de verão? 

Quem és tu que desperta a imaginação
de uma simples mulher, desejosa por amar e tornar-se sua musa?
Quem é esse que cavalga pela noite a buscar sua donzela
que perdida está?

Ele é o poeta!
Ele, que aparendeu a amar,
cujas poesias são revelações
das palavras que lançou ao ar!!!


R. F. O. 
No outono de 2008

 

domingo, 11 de novembro de 2012

Anjo de asas quebradas


Sou quase adulta, mas não deixei de ser criança, a não ser quando penso no anjo de asas quebradas...
Várias vezes fui tentada a atravessar a fronteira do mundo proibido, só para rir do desespero do anjo que perdeu suas asas...
Talvez eu gostasse daquele sofrimento leve, daquela cara de choro por não poder mais voar...
O anjo não sabia falar, por isso tudo o que eu dizia a ele era mentira...
Mas um dia eu olhei profundamente os seus olhos de veludo.
E vi um abismo que não compreendi.
Por que? eu perguntei...
mas ele fez a mesma expressão que sempre fazia quando eu lhe contava histórias falsas...
Fui embora com o coração disparado
Agora eu queria vê-lo todas as manhãs...
Mas ele era como nuvens negras, imerso na dor por ter suas asas quebradas...
Ele não podia mais voar, apenas se arrastar pelo belo jardim de outono...
E eu... o ser do nada
só podia molhar com minhas lágrimas
a bela rosa sem cor que ele carregava...






sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nostalgia




Tarde nostálgica que cai.
Só vejo no horizonte sinais de trovoada...
debruço-me sobre a janela
sonhando encontrar cores nas ruas...
mas os caminhos escureceram 
a minha face está iluminada pelos relâmpagos que chegam...
não sei porque. Agora estou com medo...
é uma canção de amor que chega com a chuva...
mas tão rápido passará...
nem terei tempo de cantá-la...
que coração turvo! Ele está como o céu:
escuro..
Aqui, prostrada na janela
cantando uma canção que não sai...
vejo que os trovões são como pessoas
zangadas por suas vidas...
e eu pensando em tudo isso...
não tão feliz, penso coisas cheias de calor...
creio que hoje não sei como é a luz do sol...
agora tudo se desfaz...
desmanchou-se com a enxurrada
que lava sujeiras humanas...
a luz do sol não sabe o que fez
deixando-me aqui com esse turvo olhar.