domingo, 10 de novembro de 2013

Sonhos...



Depois daqueles tempos de festa, chorando e cantando eu vi o anoitecer...
Sentada num banco de bar ouvia apenas os ecos do vento em meio à escuridão que me rodeava...
Encima, suspenso no ar rarefeito, havia um vulto que habitava profundamente abaixo da luz...
Ele veio à terra de forma sombria, apenas para me oferecer de sua bebida, de seu mundo...
Aquela era uma noite de inverno...
e eu, apenas uma menina a vagar...
Os olhos da noite traziam medo, era a face de um mal amado...
Meu espírito gritava, mas eu não podia escapar...
Naquele instante, ao beber daquele vulto, 
Eu me lembrei que possuo mais lembranças do que se tivesse mil anos...
Estava presa àqueles olhos,
Olhos com ar de insanidade que se dedicavam a me decifrar a alma....
Por um instante lembrei-me que ninguém me ensinou nada sobre a terra...
Eu nada sabia, a não ser que aquele encontro era o meu credo...
Algo se agitava sobre mim...
Os estranhos que passavam na rua riam das marcas que eu trazia no rosto,
E eu só enxergava o cemitério ao lado...
E as mãos que me conduziam até ele,
E a voz que dizia: “eu sou você e tudo o que vejo sou eu”.
Uma noite cheia de assombros...
 Restava um cristão piedoso,
Que enterrava sob os escombros das tumbas, as suas tristezas...
Mas ao meu lado, o frio da noite me presenteava com uma rosa encharcada de sangue...
Uivos de lobos solitários acompanhavam-nos,
Feiticeiros famintos festejavam-nos...
Nunca senti tanto medo, nem mesmo quando tive um punhal cravado no peito!
E foi com uma punhalada que aquela noite invadiu o meu coração triste...
E do meu espírito humilhado o frio fez-se descendente...
Implorei às sombras que me dessem liberdade...
Mas não! Era um punhal envenenado
E ninguém poderia me livrar,
Pois livre, o meu beijo ressuscitaria o cadáver de meu próprio vampiro!
Somente ele poderia me conduzir...
E ninguém fecharia os meus olhos...
E ninguém comigo falaria...
E eu nada poderia ver ao redor da lua...
E eu passei a implorar a sua presença
Até dormir e descobrir que tudo era sonho...
Sonhos...
Até acordar e ao meu lado encontrar
Uma rosa encharcada de sangue!




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